celebrando Raul Lino
os 50 anos da Exposição Retrospetiva da sua Obra.
os 50 anos da Exposição Retrospetiva da sua Obra.
análise. Por Eduardo Reynaud 22-11-2020 Há exatos 50 anos, entre Outubro e Novembro de 1970, realizou-se a importante e marcante exposição “Raul Lino: Exposição Retrospectiva da sua Obra”, apresentada pela Fundação Calouste Gulbenkian nas suas Galerias de Exposições Temporárias. Dedicada aos 90 anos do arquiteto português Raul Lino (1879-1974), um dos mais marcantes criadores de pensamento e obra no contexto histórico-artístico e arquitetónico português do início do século XX. Amado e odiado por tantos que seguiram a sua obra, tanto edificada como escrita, será um caso único que não possui ascendência nem descendência artística, sendo simultaneamente exemplo marginal e nuclear da influência contracorrente de uma educação germânica, em comparação com o panorama beauxartiano francófono de então. Esta exposição, programada por Diogo Lino Pimentel (1934-2019) (neto do arquiteto), José-Augusto França (1922-), Manuel Rio-Carvalho (1928-1994) e Pedro Vieira de Almeida (1933-2011), foi a primeira grande exposição dedicada a um arquiteto realizada em Portugal. Resultado imediato desta exposição foi um catálogo que continha textos dos autores acima referidos, onde Diogo Lino Pimentel elaborou uma cronologia da vida do avô e coordenou o trabalho de preparação da exposição, até os restantes se lhe juntarem. José-Augusto França realizará um trabalho de enquadramento histórico-artístico da obra de Raul Lino, onde inclui a primeira análise à questão da Casa Portuguesa, muito importante para a compreensão de uma das grandes influências atribuídas ao arquiteto. Manuel Rio-Carvalho fará o texto menos polémico do catálogo, incumbindo-se de tratar dos capítulos da obra do arquiteto dedicados às chamadas Artes Decorativas e à Cenografia, o que resultará num importante texto para a análise de um arquiteto-artista que não se limitou à edificação. Já Pedro Vieira de Almeida criará o mais polémico artigo, pelo menos à altura, da História da Arquitetura e talvez da História da Arte, levando a uma aceso debate por parte dos Modernistas de então, levando a abaixo-assinados nos jornais, reuniões contra Vieira de Almeida e contra a própria exposição (que segundo estes deveria ter sido dedicada a um arquiteto contemporâneo como Keil do Amaral, de modo a honrar o recém-inaugurado edifico da FCG), havendo até, segundo Maria Helena Maia, quem o proibisse de ir ao seu funeral. Nos 50 anos que decorreram, e que aqui assinalo, importa lembrar a importância de Raul Lino, ainda alvo de grande interesse pela História da Arte e pela História da Arquitetura, e que tanto tem para dar aos campos da investigação, pela sua obra tão rica e extensa, que tantos mistérios apresenta e tantas questões ainda levanta. O catálogo referido pode ser consultado na Biblioteca de Arte da FCG, através das Cotas AHP 1419; AHP 1419.2; AHP 1419.3; AHP 1419.4; CFPE 2364 ou JAF 324. - Um texto de Eduardo Reynaud 22-11-2020 |