em defesa das plataformas digitais como meio de partilha no mundo da arte.
A conjuntura que temos vindo a viver nos últimos meses produziu também consequências ao nível das instituições culturais, aumentando a sua presença na esfera do online. Enquanto historiadora de arte, mas também interessada no mercado de arte e consumidora deste, tenho vindo a seguir de perto essa reinvenção, não só dos museus, mas também das leiloeiras e até mesmo dos artistas.
A pandemia motivou que a leiloeira Sotheby’s empreendesse na esfera do online uma série de vendas, nas quais simultaneamente recebeu licitações dos vários cantos do mundo, onde possui sucursais. Permitiu-lhe ainda, ao transmitir ao vivo nas plataformas digitais, os vários leilões que constituíam essa venda, captando novos públicos; compradores e chamando a atenção desses para os fluxos do mercado da arte. Outras plataformas que constituem o mundo da arte, nomeadamente Artsy; Artnet, entre muitas outras, que não só promovem a comercialização de obras de arte, mas dedicam também secções dos seus websites à reflexão sobre a arte, o panorama dos museus e galerias e contribuem para complementar este mercado de arte que agora se pretende cada vez mais digital. A diferença destas plataformas face às grandes leiloeiras, com prestígio mundial, como a Sotheby’s; Christie’s; Bonhams, entre outras, é a atenção conferida a galerias emergentes, espalhadas pelo mundo, as quais encontram nestes websites um espaço no qual conseguem chegar a um maior número de compradores. São espaços que estão atentos às várias tendências do volátil mercado de arte, dando voz a novos artistas, bem como galeristas para falar do que se está a fazer no mundo da arte, as dificuldades por eles sentidas, bem como as soluções adotadas para as contornar. Estas plataformas têm sido particularmente importantes ao captarem novos colecionadores, que têm através destes sites, acesso a uma panóplia de media; abordagens; artistas de praticamente todo o mundo. Estes espaços são fundamentais também por apresentarem ao comprador um espectro de valores bastante amplo, dando resposta a praticamente todo o tipo de colecionadores. A pandemia contribuiu para diversificar a oferta de conteúdo no mundo da arte, rapidamente tínhamos acessíveis toda uma panóplia de conversas; conferências; visitas guiadas a exposições. Assim, através de um dispositivo eletrónico podíamos tomar contacto com contributos diversos, com os mais variados especialistas nas matérias. Numa perspetiva mais pessoal, a conjuntura permitiu-me através dos meios eletrónicos nos quais o mundo da arte se expandiu largamente, conhecer artistas; críticos; teóricos, que possivelmente de outro modo não teria sido para mim possível. Plataformas como o Instagram, possibilitaram a artistas cujo trabalho não teria tanta visibilidade, comunicar com figuras proeminentes do mundo da arte, que acabaram por poder dar-lhes visibilidade. Essa situação aconteceu com uma artista com a qual tomei contacto no Instagram – Eva Beresin (1955), cuja obra me chamou desde logo a atenção. Ela não tinha qualquer representação a nível de galeria, e foi graças a Kenny Schachter, figura incontornável do mundo da arte, que a sua obra ganhou visibilidade através de exposições realizadas ao nível digital. Se falamos de artistas que a pandemia e os meios digitais me permitiram descobrir, é de destacar também o trabalho de Emily Pettigrew (1991), entre muitos outros que passaram a ser parte do meu quotidiano, enquanto fonte de inspiração. O espaço das redes sociais constitui-se agora como mais uma das plataformas preciosas para o mundo da arte, especialmente para os artistas em início de carreira que necessitam de um espaço para mostrar arte ao mundo, captando novos apreciadores. Também as galerias têm procurado encontrar soluções que nos permitem ver exposições de várias partes do mundo. Destaco uma delas, não só pela obra da artista ter sido uma revelação para mim, mas porque também chama a atenção para a importância das redes sociais e do espaço digital como meio que o mundo da arte cada vez mais deve privilegiar. A artista Tizta Berhanu (1991), recentemente graduada (2019), apresenta uma viewing room digital na galeria que atualmente a representa Addis Fine Art Gallery com o título - ህብር (HĒBER). Trata-se de uma galeria localizada na Etiópia e graças ao digital, podemos ter acesso à exposição nela apresentada. O mundo da arte expande-se a cada dia que passa e graças às novas tecnologias todos os dias podemos encontrar novas abordagens e diferentes artistas, os quais contribuem para alargar o nosso capital cultural. Felizmente as novas plataformas têm contribuído para captar novos públicos, colecionadores que encontram nas obras de arte algo que nos une. O panorama digital contribui ainda para alargar as abordagens, diversificando as propostas em conteúdos distintos que abarcam competências que vão para lá das que aqui mencionei, nomeadamente podcasts, que contribuem para que a circulação no mundo da arte seja de constante aprendizagem e descoberta. Cada vez mais, o mercado de arte precisa de ser digital e global e nestes últimos meses, as suas instituições têm-se aliado com diversas redes sociais para o divulgar. Para mais informações sobre os artistas referidos: |